É impressionante o desespero da imprensa paulista/carioca ante a queda nas pesquisas do seu presidenciável. A crise da mídia é tamanha, que a presidente da Associação Nacional dos Jornais e executiva da Folha de São Paulo, Maria Judith Brito assumiu: “obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”.
O interessante é ler alguns trechos do esquecido juramento dos jornalistas nas cerimônias de formatura: “Juro, no exercício das funções de meu grau, assumir meu compromisso com a verdade e com a informação”.
Mas a coisa está feia para o “Partido da Imprensa Nacional”. O Serra despenca nas pesquisas, em dois dias de programa eleitoral gratuito, cometeu duas gafes que viraram piada na internet (“Serra come todo mundo” e “A favela fake do Serra”), a economia vai bem, o país cresce, a inflação cai, o desemprego cai e pra piorar, a candidata Dilma começa a ser conhecida como a “candidata do Lula”.
A jornalista Miriam Leitão, em O Globo, partiu para um ataque desesperado em seu artigo “o donatário” . Chamou o presidente de donatário, acusando-o de estar passando a Capitania Hereditária Brazil, para as mãos da sua sucessora. Algo não salutar para a democracia. Engraçado é lembrar que o foi o PSDB do Serra, candidato da oposição, logo da ANJ, que estabeleceu a emenda da reeleição no nosso país, num controverso processo desencadeado por suspeitas gravíssimas de compra de votos. A Sra. Leitão ainda nos impõe a supremacia do povo americano sobre o brasileiro. “Lá, eles não acham que eleitores passam de mão em mão como uma massa sem vontade própria”. Ou seja, o governo trata o povo como ignóbeis seres acéfalos e, como mostra o sucesso da candidata Dilma, ele estaria com a razão. Será?
Josias de Souza, no site da Folha de SP (aquela mesma da opositora Maria Judith), é ainda mais explícito na sua matéria “Disparada de Dilma atesta o êxito dos planos de Lula”. Aponta os erros e acertos das campanhas tucanas e petistas, respectivamente. Depois finaliza com uma frase digna do mais ferrenho apaixonado psdbista. Chama a candidata líder nas pesquisas para presidente da nossa república de “uma ex-poste que ameaça converter José Serra no mais preparado ex-futuro presidente que o Brasil já teve”. Pensemos: a ex-poste é a ex-Ministra da Casa Civil. E o mais preparado é o “despencante” presidenciável da imprensa paulista.
A Folha é Trombeta e não o The New York Times

Neto. O filósofo assistente de “A Trombeta”
A imprensa faz um papel muito próximo do jornal da fictícia cidade de Sucupira, do filme o Bem Amado. Pensando bem, a Folha de São Paulo está mais para o Jornal “A Trombeta” do que para o The New York Times. No filme, o jornalista e ex-candidato ao cargo de prefeito da cidade, Vladmir, discute com seu subordinado, Neto, sobre o erro do povo em eleger Odorico de Paraguaçu em detrimento da sua candidatura. O assistente fala uma das melhores frases do filme: “a culpa é dos gregos, que criaram a democracia”. Vladmir retruca: “mas nós somos os verdadeiros representantes da maioria”. E Neto, finaliza de forma genial: “mas é preciso que a maioria também pense isso”. Pois é, mas infelizmente (para a Folha e seus apaziguados) a maioria parece não pensar assim. Quanto ao trabalho dessa parte da imprensa, claramente partidária e golpista, resta apenas mais uma cartada. Transbordar suas páginas com notícias falsas sobre os terríveis perigos que aguardam o Brasil, caso vença a candidata do Presidente. Mas como explica o Vladmir: “quanto pior a situação do povo, maior a sua disposição para lutar por mudanças”. No mais, citando o nosso prefeito Odorico, “temos é que tratar dos providenciamentos inauguratícios do cemitério”. Afinal, a campanha PSDB/DEM/FOLHA/GLOBO/ABRIL está próxima do derradeiro suspiro, e nem precisou chamar o Zeca Diabo…
Erick da Silva Cerqueira
Publicado no Observatório da Imprensa