Minha irmã minimalista

Minha irmã minimalista

As férias são ótimas oportunidades de não fazer nada, preferencialmente, acompanhado. Certo dia na casa dos meus pais, passei  a prestar atenção nas conversas de minha irmã adolescente com suas amigas. Confesso que ri muito. Altas histórias de festas, churrascos, namorados, “ficantes”, “peguetes”, orkuts, MSNs, enfim. Coisas de adolescentes femininas, um terreno extremamente escorrgadio e complicado de se tentar entender. Ao final de tantas aventuras arrisquei a fazer algumas perguntas. Quantos sites, além do Orkut, vocês costumam acessar diariamente? Para minha triste dedução, a resposta foi: quase nenhum outro. As vezes acessam o Terra, por causa do Chat. Usam o Google para fazer pesquisas de trabalhos da escola e só se lembravam de dois blogs, de amigos delas, que costumavam acessar, muito de vez enquanto. Nunca ouviram falar de Twitter e para minha maior tristeza, minha irmã nunca havia acessado meu Blog (nada que duas ou três sessões de terapia não me ajudem).

Pensei comigo, o mundo está perdido. É esse o futuro da Nação? Depois, rapidamente, lembrei que meu pai falou a mesma coisa quando me ouviu, na adolescência, cantando Bob Marley e desejando ser um mestre de capoeira. As gerações, mudam. Conflito de gerações à parte, continuei o questionamento. UOL, IG, Globo.com, Observatório da Imprensa, A Tarde OnLine, Folha (argh), Veja (argh de novo), nada. Nenhum desses portais mereceram o acesso das nossas internautas. Só dava Orkut e MSN, no máximo um Youtube, de vez em quando.

Lembrei de meu pai, quando viu o Oxente Jornal e leu um dos meus artigos: “os  textos são muito grandes”, disse ele. Mas só o fato de fazê-lo ler, já me encheu de orgulho. Meu pai se formou em letras sem nunca ter um livro. Coisas de Ruy Cerqueira. Aí encontrei o “X”. Meu pai, que faz parte da geração “Flower-Power”, com suas “bocas-de-sino” e costeletas à la Wolverine, decifrou com sua frase de 3 anos atrás, o problema da nova geração. É grande demais pra mim.

A geração minimalista
A nova geração, à qual tomei mais conhecimento nas minhas férias, é exatamente a geração minimalista. Onde Portais de informações foram trocados Blogs e hoje os Blogs estão sendo miniaturizados no Twitter. Minha irmã e seus pares, conseguiram reduzir os milhões de sites da net, em três ou quatro. De olho  nesse público extremamente minimalista surgiram os MP10. É apesar do nome correto não ser esse, é o apelido dados aos BlackBerries. O MP10 é uma variação do MP3 (que originalmente é um formato compactação de áudio) e o MP4 (formato compactação de áudio e vídeo). O MP10 faz de um tudo. Filma e fotografa ao mesmo tempo, tem bluetooth, player de áudio e vídeo, lava, passa, cozinha e se duvidar, aidna deita na cama. Lembro quando ser chique era ter 3 em 1. Hoje tem um milhão de funções em pequenos aparelhos.

Todos se encontram no mesmo lugar, Orkut. Lá elas exibem suas novas fotos de poses iguais em frente ao espelho, enquanto os homens colocam seus músculos de fora. Trocam comentários diários sobre as fotos dos amigos, leem os comentários das coelgas-rivais, criticam umas as outras e saem sorridentes do computador.

Meu espírito de “marqueteiro” conseguiu extrair disso algo terrível. Nós estamos errados. As comunidades do Orkut não mais representam uma fonte segura de segmentação. A maioria dos jovens prefere olhar os “Profiles” (perfís) dos amigos que entrar em comunidades. Esses dados, obviamente, são tirados de uma pesquisa minimalista (a palavra do dia) feita em casa com um grupo de pouquíssimas adolescente. Mas tirando o mercado por mim, outro erro terrível para um profissional da minha área, não costumo visitar mais minhas comunidades como antes e há muito tempo não entro em novas. O tempo é muito curto para as futilidades da net.

De olho nisso o Correio da Bahia, mudou a sua roupagem. Na verdade o Correio (que tirou do nome o “da Bahia”) virou um Twitter impresso. Notícias “en passant”, quase um “lead”. Ficou mais bonito, mas com um conteúdo muito “ralo”. Não que gostasse da outra versão, pelo contrário. Se é pra ninguém ler mesmo, que seja então com umas fotinhas coloridas…

Aos guerreiros que chegaram até aqui

Parabéns. Se você conseguiu ler todo esse texto, no mínimo deixou o trabalho de lado, está de férias, ou tem mais de 30 anos e por isso é acostumado a ler muito texto em um só artigo. Eu, legítimo representante da geração Coca-Cola, filho da geração Flower-Power, irmão das gerações “cara-pintada” e “internet”, tive o orgulho de vos apresentar a geração minimalista. Essa fantástica geração que escreve “xau”, “vc”, “tc”, “nawm”, “bj”, não vive um minuto sem celular, nem um dia sem axé, sem pagode, sem arrocha e conseguiu o incrível feito de compactar a internet em 3 sites. Ponto para a Google Inc. que detem todos os sites visitados por essa geração (Youtube, Orkut e o próprio Google).
bj, e xau pra todos vcs.