A IURD passou a utilizar-se dos meios de comunicação para difundir a Sua Palavra (ou a de Deus, como queiram), através de jornais e da compra de pequenas emissoras de rádios AM e comunitárias pelo Brasil. Com o sucesso do empreendimento, a Igreja do pastor Edir Macedo passou a investir também na área televisiva, adquirindo a quase falida TV Record e diversas retransmissoras. Inicialmente, o projeto era utilizar uma emissora nacional para divulgar os seus programas evangelizadores e os “produtos” da igreja: Manto sagrado do Senhor, Banho do descarrego, Trono da prosperidade e até Terra do Monte Sinai eram comercializados abertamente nos horários mais diversos da emissora. Até que uma retransmissora da Record de Salvador, a TV Itapoan, chamou a atenção do bispo-empresário. Homem de visão, Macedo levou para a Record nacional o diretor da TV baiana para assumir a presidência da Rede Record. Golpe de mestre.
A grande Rede Globo só sentiu o peso da crescente concorrente muito tarde. Passou a criar programas onde tentava desmoralizar os evangélicos, como a minissérie Decadência, de 1995. Exibiu no Jornal Nacional imagens de Edir Macedo e seus pares falando abertamente sobre extorsão do dinheiro dos fiéis e esbanjando os dízimos em passeios de lanchas. Quando da prisão do oponente, passou a fazer verdadeira campanha de degradação da imagem do pastor, imagem essa que sempre foi abalada, é verdade. Polemizou os chutes do pastor Sérgio Von Helder a uma estátua de gesso de Nossa Senhora de Aparecida em pleno Jornal Nacional e muito mais.
Recentemente, a pedido do Ministério Público de São Paulo, a Justiça abriu ação criminal contra Edir Macedo e outros nove integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus sob a acusação de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O caso foi amplamente difundido em todos os jornais da emissora global. Aí começou o pecado da católica Rede Globo de Televisão.
Nem a vida particular do promotor que abriu o inquérito contra a Record foi poupada. Afinal, coincidentemente, a juíza que receberia o caso, licenciou-se do trabalho para não recebê-lo por ter sido namorada do citado promotor.
Porém, podemos analisar os fatos por outro ângulo. Alguém, em sã consciência, tem dúvidas que a compra da Rede Record foi feita através do investimento dos dízimos dos fiéis da IURD? Se isso realmente ocorreu, não seria uma “inocência” da justiça brasileira, tratar instituições religiosas como “filantrópicas” e, assim sendo, isentá-las da cobrança de impostos? E, citando o próprio Edir Macedo, como um problema que envolve a Rede Record e a IURD, ambas em âmbito nacional, pode ser representado em um fórum estadual?
Nessa Terra-do-Nunca chamada Brasil, parece que preferimos não crescer mesmo. Somos pastoreados por pastores evangélicos, padres, pais e mães de santo, jornalistas (com ou sem diploma), ministros do Superior Tribunal e promotores vendidos à grande mídia. A verdade sofre o peso da falta de pauta para si e a “roupa suja” vem sendo lavada em público para alcançar picos de audiência, como no Balanço Geral da Record. Enquanto isso, o Esporte Espetacular (Globo) briga com o Esporte Fantástico (Record) e o Fantástico (Globo), com o Domingo Espetacular (Record). Mas não se preocupem: qualquer semelhança é mera coincidência.
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