É fato. A grande maioria dos baianos nasce em novembro. Afinal o Carnaval é em fevereiro. Este ano teremos uma taxa significativa de natalidade no mês do Natal por causa das festividades momescas terem se atrasado um pouco. Mas, sinceramente, não aguento mais ouvir falar do carne vale. Então falarei sobre a outra festa da carne.
O sexo é e sempre será a atividade esportiva mais praticada pelo ser humano. Os motivos que levam ao ato são diversos (ver Amem, amem, amém). Contudo tenho coletado alguns depoimentos interessantes sobre as “primeiras vezes” do sexo masculino, e vou me ater a falar sobre isso.
Anos 60 e 70 – Das ovelhas ao Woodstock
Na época do Jô Soares, ele mesmo conta, a iniciação sexual era quase ritualística. Os jovens buscavam inspiração em anúncios de calcinhas ou em livros de anatomia. “Era preciso uma imaginação de Julio Verne para se excitar”, revelou o gordo em seu programa. Aí chegou Carlos Zefiro (o Marquês de Sade da era moderna) e suas revistinhas proibidas para ajudar o pessoal. Um amigo me revelou que, naquela época, a única alternativa sexual para a garotada do interior, era a zoofilia. Um deles me revelou algo digno de registro: “as cabritas berravam muito alto, preferia as ovelhas que gemiam mais baixo, parecia até uma mulher recatada”.
Acredito que tanta repressão, levou a galera a pedir o amor livre em Woodstock, e nos anos 70 a descaração surgiu para o mundo. Amor livre era o mesmo que sexo sem compromisso, ou “make love don’t make war”.
Anos 80 – Os TEDs

a origem do fetiche...
No anos 80, a geração Coca-Cola só pensava “naquilo”. A revista Playboy exibia “mulheres de verdade”, nuas, em posições artísticas e textos que ninguém lia. Apesar de lançada em 75 no Brasil, a revista teve seu grande impulso na década seguinte. Ter uma Playboy era uma espécie de símbolo de status na escola, naquela época. Afinal, mulher de verdade para os adolescentes era coisa muito difícil. Surgi a era dos “TEDs”, os Terrores das Empregadas Domésticas. Os “filhinhos de papai” abusavam do poder patronal e assediavam as indefesas empregadinhas. Quase sempre mais velhas e nem tanto indefesas assim, acredito que elas também se aproveitavam da história, mais não vem ao caso agora.
Anos 90 – Início da Revolução Sexual
Chegaram os anos 90. Era o início de uma nova revolução sexual. As meninas, já faziam. Os homens, tarados como sempre, despertavam antes da hora a libido das mocinhas. Não era mais necessário esperar a maioridade, casar, ter compromissos muito sérios. Em poucos dias de conversa a coisa “acontecia naturalmente”. Isso sem falar no Carnaval, onde o imediatismo momesco esperava apenas, e dramaticamente, o tempo de se abrir um preservativo. Não era mais necessário os préstimos das queridas empregadas, pois as “patricinhas” (expressão surgida na década para definir as “moças de família”), estavam tão interessadas no ato quantos nós, os malditos homens. A Playboy perdeu seu “status quo” pois o carne era tão acessível quanto as páginas. Era o ápice. Os adolescentes iam para as festas com o intuito de achar o par perfeito, para uma noite apenas.
Anos 2000 – Sexo por um fio, ou wireless
Hoje as conquistas dos anos 90 parecem ridículas. O sexo entrou na rede. Qualquer criança com acesso a internet consegue achar fotos que deixam um ginecologista envergonhado. Os sites “XXX” são aproximadamente 493.000.000 no Google (a expressão XXX vem do inglês “ecsiecsiecsi”, que foneticamente se assemelha-se a “sexsexsex”. Viu? Sexo também é cultura). As meninas do hoje só falam em sexo. A Revista Nova consegue deixar a Playboy com cara de “turma da Mônica”. Big Brother, Malhação, novelas de todos os horários, não falam (ou mostram) outra coisa. Sexo virtual é algo comum. As mensagens via Facebook já são responsáveis por um em cada cinco separações nos EUA. Sites como o Chatroullete são especializados no quesito, sexo. Chats levam ao sexo. Portais de relacionamento, então, estão recheados de mulheres e homens interessados em sexo. MSN exibem desde conversas picantes até strip-teases completos e cenas ainda mais explícitas. O sexo está por um fio, ou em wireless. E haja XXX.
Perdoem-me os puritanos, mas essa “geração Y” matou o pudor, acabou com a importância do hímen, mandou os dogmas religiosos às favas, e para completar, ainda estão bem mais conscientes, e responsáveis, que às gerações anteriores. Meninas andam com camisinha na bolsa para alguma emergência.
E viva a democratização sexual. Viva a moralização da safadeza. Viva o hedonismo. Viva o Carnaval. As ovelhas, as páginas das revistas de Zefiro e da Playboy, bem como a Associação das Empregadas Domésticas, agradecem (ou não, vai saber…).