Esse texto foi publicado no portal da Fundação Cultural Ca&Ba, em setembro de 2007 e utilizado como tema para aula da Profª Verbena Córdula (minha mestra) em uma aula de jornalismo do 7º semestre, da Faculdade 2 de Julho. Falava sobre as denúncias de Renan Calheiros era acusado de pagar despesas pessoais com recursos de um lobista de uma construtora. Olha que coisa atual 🙂
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Renan Calheiros é inocente, mesmo. Culpado somos nós que colocamos ele lá em Brasília. É um absurdo o nível de desmando nesse país. Um congresso e um senado extremamente corporativista e atado. Bastaram algumas acusações (chantagens) do presidente da Casa, contra os colegas, e pronto. Absolvido.
Sinceramente já não sei onde isso vai parar. O planalto é como os morros do Rio. Não tem mais jeito. A diferença é: a polícia não pode subir a rampa como sobe as favelas.
Uma vez disseram. O Brasil não é um país sério. Essa frase, por exemplo, atribuída ao ex-presidente francês Charlles de Gaule, na verdade é do embaixador Carlos Alves de Souza. Nem crédito damos às pessoas certas. Mas concordo com o Tom Jobim. O Brasil é sério sim, só é surreal.
O RENANcimento do corporativismo parlamentar fere a fundo a Democracia do nosso país. Mostra quanto o povo está desprovido de força na nossa democracia. Antes a arte nos ajudava a combater esses desmandos e íamos “sem lenço, sem documento”, protestar. Hoje, não mais. Nos teatros os mesmos “besteiróis” de 10 anos atrás. Na música a infantilidade das rimas e letras dos pagodes mantém o povão no seu lugar. Calados e rebolando. Lembro quando na década passada o “Lobo Mal” do rock nacional, era “o cara”. Brigou com as gravadoras, rompeu com a mídia e levantava a bandeira da produtora independente. Cara de atitude. Vendia CD junto com revista nas bancas. Agora defende as gravadoras, aparece no Faustão, Gugu, Jô, Leão, com uma camisa onde se lê: “Peidei, mas não fui eu”. Antes tivesse morrido de overdose como os outros heróis.
Aliás, Herói é artigo em extinção. Do tipo, tem mas acabou. Perdemos o norte, não temos mais bons exemplos. Até no cinema temos uma crise. Os heróis da telona, notem isso, são muito mais humanos que os de ontem. Batman sendo treinado por monges. 007 errando e apanhando (vejam que absurdo). Super-homem com filho. E o que falar de “Os Incríveis”, o melhor exemplo da nossa geração. Super-heróis aposentados, é o ápice.
Talvez agora possamos recorrer aos agentes do BOPE, que tal? São durões como o Bruce Willis, perversos como o Stallone Cobra e ainda por cima, brasileiros como nós. É, vamos pedir que a Tropa de Elite do novo Capitão Matias, ajude-nos a combater esses desmandos. Tirando os vilões do Senado e do Congresso. Acabando com a Pizzaria Federal e re-instituindo o respeito ao cidadão brasileiro, pois merecemos.
Tropa de Elite estréia no dia 12 de outubro em todos os cinemas. E mesmo que você já tenha assistido no DVD de “cinco conto”, prestigie o cinema nacional. Vale a pena. Ajuda a produção de novos filmes e nos distancia um pouco mais do mau-caratismo que vem de Brasília.
Erick da Silva Cerqueira